Hoje em dia, mais do que nunca, vivemos rodeados de tecnologia. Tablets, telemóveis, videojogos, computadores encontram-se por todo lado, absorvendo miúdos, mas também graúdos.
A possibilidade de obter uma maior comunicação e informação com recurso apenas a um clique mostra-se cada vez mais prático e aliciante numa sociedade que vive a correr.
Contudo, quando associamos o universo virtual às crianças e jovens de hoje, percebemos que contrariam largamente as suas vantagens, distanciando-as da realidade ao invés de as aproximar. Atualmente é assustadoramente comum observar crianças a dominarem tablets melhor do que adultos, crianças a serem “sugadas” por videojogos, adolescentes a utilizarem o mundo virtual quase como equiparado ao mundo real. E quando não há Wi-fi? Aí… parece que o mundo acabou! E quando assim é, o uso da tecnologia assume-se como altamente perturbador, com impactos variados, quer a nível emocional, social como escolar.
Assim, havendo uma quantidade infindável de jogos e facilidade de acesso e sendo o contexto escolar cada vez mais exigente, como podem os pais dosear uma adequada utilização?
O primeiro passo será conhecer. Conhecer os jogos/aplicações que a criança habitualmente utiliza ou mostra interesse por utilizar. Dialogar de forma que a criança perceba que a sua utilização implica moderação, o que, por sua vez, pressupõe regras de utilização, nomeadamente número de horas permitido, horário de utilização, questões de privacidade. Essencialmente, o mais importante é fazer a criança perceber que, tal como na vida real, também no universo virtual existem limites.
A American Academy of Pediatrics por exemplo recomenda que os pais estabeleçam em casa áreas livres de tecnologia como quartos e locais da refeição no sentido de proporcionar momentos positivos de interação. Aconselha-se igualmente restringir totalmente o uso de tecnologia antes dos 2 anos de idade e a crianças com mais de 2 anos apenas permitir a utilização tecnológica no máximo até duas horas por dia. Quanto à idade aconselhada de uso, depende da recomendação que o tipo de aplicação preconiza. O Facebook, por exemplo, apenas aceita a subscrição de crianças a partir dos 13 anos.
Em período escolar naturalmente que o recurso a tecnologia deverá requerer uma maior supervisão parental e o tempo de utilização dependerá das regras estabelecidas pelas pais, podendo funcionar como reforço positivo após a realização plena de todas as tarefas escolares ou até fortalecer matérias por se mostrar um recurso apelativo e interativo. Recordo-me de um jogo online denominado de JIL, acrónimo de Jogos interativos de leitura, que se mostra bastante pedagógico e com uma utilização adequada revela-se poderosíssimo a nível educativo.
Resumindo, a estimulação da literacia digital assim como uma supervisão parental constante mostram-se ingredientes chave para promover uma dosagem equilibrada das novas tecnologias.
in “Mais Guimarães”, setembro de 2016